ATA DA DÉCIMA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 20-7-2006.

 


Aos vinte dias do mês de julho do ano de dois mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Bernardino Vendruscolo, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino Besson, João Antonio Dib, José Ismael Heinen e Luiz Braz, Titulares, e João Carlos Nedel, Não-Titular. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Carlos Comassetto, Haroldo de Souza, Margarete Moraes e Mario Fraga, Titulares, e Carlos Todeschini, Não-Titular. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Alceu Brasinha, os Pedidos de Providência nos 1544, 1545 e 1546/06 (Processos nos 3977, 3978 e 3979/06, respectivamente); pelo Vereador Ervino Besson, as Indicações nos 033 e 034/06 (Processos nos 3963 e 3964/06, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Pedido de Providência nº 1547/06 (Processo nº 3980/06). Do EXPEDIENTE constaram: os Ofícios nos 530, 531, 538, 539, 540, 541, 542, 543, 544, 545, 546, 547, 548, 549, 550 e 552/06, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 037/06, do Vereador João Antonio Dib, Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída para apurar o alto índice de afastamento de servidores municipais por biometria; 10413019, 10414564, 10418390, 10423405, 10427557, 10429538, 10429539, 10431498, 10431499, 10431500, 10431501, 10431502, 10431503 e 10431504/06, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Na ocasião, constatada a existência de quórum deliberativo, foram aprovadas as Atas da Sexta, Oitava e Nona Reuniões Ordinárias e da Primeira Reunião Extraordinária e as Atas Declaratórias da Sétima, Décima, Décima Primeira, Décima Segunda, Décima Terceira e Décima Quarta Reuniões Ordinárias. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Bernardino Vendruscolo manifestou-se acerca do “Pacto pelo Rio Grande”, firmado entre diferentes setores da sociedade, para construção de agenda mínima de ações voltadas ao enfrentamento dos problemas econômicos e sociais observados no Estado. Nesse sentido, destacou que essa busca conjunta de soluções à crise gaúcha é o caminho mais viável para beneficiar a população e deverá servir de exemplo aos demais Estados da Nação brasileira. O Vereador Dr. Goulart debateu projeto do Ministério da Saúde para implantação de novo modelo de contratualização no Sistema Único de Saúde – SUS –, avaliando vínculos de trabalho atualmente vigentes entre organismos públicos, patrões e trabalhadores que atuam na área médica. No referente ao tema, cumprimentou o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul – SIMERS –, por campanha promovida para esclarecimentos e conscientização quanto às propostas apresentadas pelo Governo Federal. O Vereador José Ismael Heinen registrou o transcurso, hoje, dos cento e trinta e três anos de nascimento de Santos Dumont, Patrono da Aeronáutica Brasileira. Além disso, criticou a política econômica adotada pelo Governo Federal, asseverando que se observa baixo desenvolvimento do País e índices elevados de desemprego, bem como perda de direitos adquiridos pela classe trabalhadora, exemplificando com alterações ocorridas nas normas de aposentadoria da classe militar. O Vereador Ervino Besson lembrou que hoje se comemoram o Dia do Amigo e o dia dos comerciantes que atuam na área de venda de combustíveis e parabenizou o Sport Club Internacional, pela vitória alcançada, ontem, no jogo contra a equipe equatoriana LDU, pela Copa Toyota Libertadores. Ainda, discorreu sobre o clima de violência observado no País, defendendo maior rigor nas decisões judiciais atinentes a processos que envolvam crimes hediondos. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença de participantes do curso de “Redação técnica: princípios da produção documental dentro do processo legislativo”, promovido nesta Casa pela Associação dos Servidores de Câmaras Municipais do Rio Grande do Sul – ASCAM/RS –, no período de dezenove a vinte e um de julho do corrente. Em COMUNICAÇÕES, O Vereador Elias Vidal abordou a situação econômica e financeira gaúcha, afirmando que a governabilidade do Estado exige novas formas de gerenciamento, as quais devem ser embasadas na atuação conjunta dos diferentes setores que integram a sociedade. Também, elogiou campanha desenvolvida pelo Deputado Estadual Luiz Fernando Záchia, para implantação da proposta conhecida como “Pacto pelo Rio Grande”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elias Vidal, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, comentou o “Pacto pelo Rio Grande”, firmado por entidades públicas e privadas constitutivas da sociedade gaúcha. Da mesma forma, defendeu a mobilização dos Poderes Executivo e Legislativo e da comunidade porto-alegrense para que pacto similar seja implantado no Município e sejam facilitadas as melhorias estruturais reivindicadas pela população. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib, mencionando o transcurso, hoje, do Dia do Amigo, procedeu a reflexões quanto à importância da paz para o desenvolvimento econômico e social da humanidade. Sobre o assunto, apresentou dados relativos às verbas gastas pelos países em conflitos bélicos, ressaltando que esses recursos poderiam ser utilizados em programas de combate à pobreza e melhoria da qualidade de vida dos seres humanos. O Vereador Luiz Braz teceu considerações quanto a debates ocorridos neste Legislativo, concernentes à implantação do “Pacto pelo Rio Grande”, declarando que essa proposta se apresenta como fórmula fundamental para que seja viabilizada a sobrevivência econômica do Estado. Ainda, elogiou a gestão do Prefeito José Fogaça e analisou questões atinentes aos malefícios causados pela presença de políticas corporativistas junto à administração pública. O Vereador Carlos Todeschini apoiou a necessidade de alterações na gestão do Governo Estadual, como instrumento de recuperação do equilíbrio econômico e financeiro das contas públicas do Rio Grande do Sul, ressalvando, contudo, que essas mudanças não devem resultar em privatizações de empresas e penalização de funcionários. Finalizando, questionou licitação instaurada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DMLU –, para os serviços de coleta de lixo em Porto Alegre. O Vereador Carlos Comassetto discorreu acerca da política econômica praticada pelo Governo Federal, elogiando a diminuição progressiva, nos últimos anos, da taxa básica de juros e salientando o impacto positivo dessa mudança na capacidade da população de financiar a compra de bens de consumo. Também, mencionando a proposta de criação de um pacto pela recuperação econômica do Estado, ressaltou a necessidade de renegociação da dívida do Governo Estadual com a União. O Vereador João Carlos Nedel, cumprimentou o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre por ter sancionado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 021/05, que proíbe o fumo em recintos públicos fechados, discursando acerca da intenção de Sua Excelência ao propor essa iniciativa. Nesse contexto, analisou os males causados pelos produtos fumígenos, afirmando que esse Projeto, transformado em Lei, representa um avanço na área da saúde municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib descartou críticas de integrantes do Partido dos Trabalhadores às mudanças propostas no Departamento Municipal de Limpeza Urbana, questionando a gestão desse órgão durante o período em que o PT esteve na Prefeitura. Ainda, sugeriu mudanças na tramitação de Requerimentos que necessitam de votação, defendendo a criação de dispositivo regimental visando à retirada de tramitação dessas proposições, quando extemporâneas. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Ibanez Portella, do Partido Progressista da Câmara Municipal de Ibirapuitã – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson destacou o trabalho realizado pela Associação de Moradores do Jardim Vila Nova, registrando ter participado de reunião realizada ontem à noite nessa entidade. Sobre o tema, lembrou a importância das associações de bairro para a discussão dos problemas da Cidade, principalmente a situação da segurança pública, citando a necessidade de que a população denuncie os crimes cometidos contra o patrimônio público. O Vereador Carlos Comassetto discursou sobre os conflitos internacionais que estão acontecendo no Oriente Médio, por razões de ordem ideológica, filosófica e religiosa, mencionando nomes de brasileiros residentes no Líbano, que foram assassinados por mísseis disparados por Israel. Ainda, protestou contra o silêncio das grandes potências mundiais em relação ao assunto e elogiou o posicionamento “sensato e pacífico” do Governo brasileiro em favor de um mundo justo e tranqüilo. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Gilberto Vladimir e convidou a todos para Audiência Pública a ser realizada neste Legislativo no dia vinte e quatro de julho do corrente, a partir das quatorze horas, para apresentação e discussão do Projeto de mobilização da sociedade gaúcha para a construção de uma agenda mínima de ações voltadas ao “Pacto pelo Rio Grande”. Às onze horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dr. Goulart e Elias Vidal e secretariados pelos Vereadores Haroldo de Souza e Elias Vidal. Do que eu, Haroldo de Souza, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Dr. Goulart, Presidente desta Casa; Srs. Vereadores, ontem recebemos, aqui nesta Casa, o Deputado Luiz Fernando Záchia, Presidente da Assembléia Legislativa, ex-Vereador desta Casa também, que nos fez uma visita oficial, trazendo-nos a proposta do Pacto pelo Rio Grande. Que bonito quando nós, aqui no Rio Grande do Sul, demonstramos ao País união; algo concreto, uma proposta que, ainda que receba algumas críticas, é uma proposta com viabilidade de se ver algo concreto acontecer na busca das soluções dos problemas nos vários segmentos do nosso Estado com dificuldade financeira, com dificuldade de ver viabilizadas as suas realizações que estão diretamente ligadas à parte econômica.

Então, queremos cumprimentar o Deputado Luiz Fernando Záchia pela iniciativa. Ele é Presidente também do nosso Metropolitano, aqui do Estado.

É bom que, mesmo havendo um ou outro Deputado fazendo crítica a esse gesto, possamos ver todos os Partidos, ou quase todos os Partidos, convergindo para um único sentido na busca de soluções, cada um fazendo aquilo que pode para economizar e ver novamente o nosso Estado crescer. E também não só crescer, mas nós que estamos diretamente ligados ao Governo do Estado sabemos que, se não fosse feito esse Pacto, nós, cada vez mais, iríamos enfrentar e ver o quanto está difícil para o Governador Germano Rigotto administrar o Estado. Nós estamos às vésperas de uma eleição, e que bom, Sr. Presidente, que todos os Partidos cheguem a essa conclusão, e, irmanados, busquem uma solução de forma conjunta.

Ver. João Antonio Dib, V. Exª, que já administrou este Município, sabe o quanto é difícil quando aqueles que estão no Poder buscam solução para determinados problemas e aqueles que estão na oposição dificultam isso. Neste momento, eu vejo o Rio Grande do Sul, de modo geral, unido, ainda que esse Pacto venha a acontecer num ano eleitoral, mesmo assim nós estamos vendo que todos os Parlamentares - todos é uma forma de expressão, porque um que outro aí já fez algumas críticas, mas eu acho que isso é comum, é normal -, mas nós enxergamos a maioria dos nossos Parlamentares e os Partidos estão convergindo para essa proposta. Eu vejo isso como um exemplo para o País, e, há uma semana, o Jornal Nacional abriu o noticiário das 20h, mostrando o exemplo do Rio Grande do Sul. Eu acho que só esse comportamento já demonstra um grau elevado de nós, aqui, os gaúchos, no sentido de uma proposta diferente, e, eu tenho certeza de que, além de ter um resultado positivo aqui no Rio Grande do Sul, servirá como exemplo para o Brasil. Era isto, Sr. Presidente, o que eu gostaria de comunicar.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, meu Presidente, Ver. Elias Vidal; um dos motivos por que a Saúde encontra dificuldades em acontecer é porque não fica bem definido esse vínculo de trabalho entre o patrão da Saúde e o trabalhador da Saúde; os médicos, por exemplo, são trabalhadores da Saúde. Qual a proposta vem, agora, do Ministério da Saúde? Primeiro, vou contar a V. Exas como é que os médicos recebem o seu trabalho realizado no SUS, dentro de um hospital, quando eles operam, quando eles atendem pacientes internados, hospitalizados para grandes tratamentos clínicos. Ou eles são empregados do hospital e recebem pelo hospital, ou eles são terceirizados, e aí isso acontece de duas maneiras: através de uma firma, de uma pessoa jurídica que os paga, ou através de uma cooperativa que os paga. Recebendo essa cooperativa ou essa pessoa jurídica a verba, o recurso do Poder Público, mostrando que o Poder Público não quer se envolver com essa história da Saúde, com esse negócio de ter médico como empregado, como assalariado, de ter funcionários da Saúde como assalariados. O Governo faz tudo para que um terceiro pague: ou o hospital, ou uma ONG, ou uma pessoa jurídica, ou uma cooperativa, menos da quarta maneira, que é pelo credenciamento pelo item 7 do SUS, em que o médico recebe o parco, o pequeno, o quase aviltante pagamento da intervenção cirúrgica paga diretamente do SUS; credenciamento.

E o que propõe o Ministério da Saúde, agora? Propõe que os profissionais sejam pagos por metas atingidas. Isto é uma coisa que, em princípio, parece uma maravilha. O que quer dizer? Se cair a mortalidade infantil na cidade tal, os médicos vão receber tanto; se, por acaso, não cair a mortalidade infantil, por exemplo, um dos indicadores, o médico recebe menos, ou, talvez, não receba.

Temos de refletir, temos de discutir aprofundadamente isso.

Os médicos não se preocupavam com o que o Governo lhes pagava, ou com o que as cooperativas lhes pagavam, ou com o que os seus patrões lhes pagavam, porque eles tinham o consultório no horário da tarde, e, no consultório, eles auferiam lucros que subsidiavam o seu atendimento missionário na saúde pública, ou em qualquer outro tipo de vínculo comunitário, beneficiário, quase voluntário, ou até voluntário.

Mas, agora, os consultórios foram encharcados por convênios, encharcados por cooperativas, encharcados por outros tipos de pagamento, tornando o médico, agora, muito dependente das instituições, o que é ruim.

Se existe profissão que tem de ter grande liberdade é a profissão de quem cuida da doença dos outros, de quem cuida da saúde dos outros, de quem cuida do medo dos outros, como é a Medicina. Ela precisa ter um elastério para que o seu profissional possa atender, adequadamente, as pessoas.

Então, este Vereador, o gabinete deste Vereador, se irmana, mais uma vez, com o Sindicato Médico, que começa a lançar os primeiros documentos, como se fosse uma medicação perigosa, uma medicação de uso perigoso, de tarja preta - a tarja preta, aqui, talvez, não seja luto, ainda, mas é: atenção, cuidado com esta medicação, como os hipnóticos, como outros calmantes que são perigosos para a saúde. Não que estejamos absolutamente contra o que o Governo propõe. O que a gente tem de estudar, aprofundar, para defender a classe médica e a classe dos trabalhadores da saúde, é como isso vai ser feito. Se isso é bom para a população, se isso é bom para o doente, porque só o que é bom para o doente, para a população, pode ser bom para o médico.

Então, o Sindicato Médico está mais uma vez atento a essa transação que poderá ser ruim. Precisamos estudar e trazer para a Comissão de Saúde, Ver. Nedel, a discussão deste assunto, que se chama, por neologismo, um novo termo, como tem neologismo para representar coisas que nem as pessoas sabem direito como é: contratualização. Não é contrato, é contratualização o nome do termo. E nós temos que cuidar: Comissão de Saúde e gabinetes dos Vereadores, a contratualização dos nossos médicos.

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): Sr. Presidente, se V. Exª desejar utilizar o tempo de Comunicação de Líder...

 

O SR. DR. GOULART: Eu vou encerrar, Excelência. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente da Câmara, Exmos Vereadores aqui presentes, quero, ao iniciar o meu pronunciamento, desejar ao nosso colega, candidato a Vice-Governador, sucesso nessa caminhada, como de resto a todos os colegas que são candidatos a um degrau a mais na sua vida política. Sucesso; que sejam os seus passos bem guiados, Dr. João Antonio Dib e aos demais também.

Quero registrar, também, Sr. Presidente, o transcurso, hoje, dos 133 anos do nascimento do Patrono da Aviação do Brasil, da Aeronáutica, Santos Dumont. O Brasil é pioneiro; com muito orgulho para nós este Patrono da Aeronáutica demonstrou ao mundo que era possível o ser humano voar por meio de uma máquina.

Quero, também, Sr. Presidente, deixar registradas as minhas afirmações nos outros discursos que fizemos nesta Casa, no sentido de que eu considero que o País, a sua macroeconomia, a economia da Nação, continua andando na contramão da história. Mesmo diminuindo os juros nominais do País em 0,5%, estamos muito longe da realidade. Aliás, com esse 0,5%, nobres Vereadores, o País perde apenas para a Turquia, no mundo todo, como o país que tem o juro mais alto. Porém, o que interessa mesmo, no nosso juro real, é que nós somos campeões mundiais da história contemporânea. O juro real mais caro do mundo é o juro brasileiro. Todos os países, neste momento, na conjuntura internacional, têm os seus juros reduzidos, e nós, como sempre, na marcha lenta. A falta de definições neste País faz com que nós venhamos a reboque da história financeira, o que representa mais desemprego, o que faz com que os nossos empresários, os nossos empreendedores tenham que pagar caro pelas suas iniciativas, pela sua coragem de levar à frente o progresso deste País.

Quero também mostrar a minha indignação quanto ao pronunciamento - que ainda continua martelando na cabeça, na consciência dos brasileiros - de um Ministro do atual Governo, de que os nossos direitos adquiridos são arcaicos. É uma declaração infeliz, e eu sou um defensor dos direitos adquiridos, porque não foram adquiridos por mero acaso, foram batalhados, foram consubstanciados, foram consolidados. Hoje, vivemos num País em que os direitos adquiridos são vilipendiados, principalmente por aqueles que têm a obrigação de defendê-los.

Só para que tenhamos um exemplo do que são os direitos adquiridos, ao longo do tempo as classes vão perdendo, como os nossos aposentados, Ver. João Dib, uma classe que contribuiu, que trabalhou e que construiu o lastro necessário para ter uma vida digna no apogeu da sua caminhada terrena. Os nossos Governos os distinguem, fazendo com que as suas contribuições, deficitárias hoje no contexto, sejam buscadas para fazer politicagem, e colocam no meio dos aposentados pessoas que nunca contribuíram. Nada contra isso, mas somos frontalmente contrários ao fato de aqueles que contribuíram 30, 35 anos para a Previdência, sejam hoje diferenciados na sua cidadania, enquanto o Governo faz demagogia, aumentando o salário mínimo, e o aposentado, que contribuiu pelos salários mínimos trabalhados e se aposentou na expectativa desses salários, tem a sua aposentadoria diminuída, bastante diminuída; em vez de 16%, o Governo teima em dar apenas 5%.

A mesma coisa acontece, numa época eleitoral, mexe com as funcionárias domésticas, mas nega o direito sagrado das leis trabalhistas para essa classe. Da mesma forma, na classe militar, a que tenho orgulho de pertencer, também vejo os nossos direitos adquiridos paulatinamente sendo diminuídos.

Só para terem uma idéia, nos temos uma curva constante e descendente em nossos direitos adquiridos. Na década de 50, o militar, que não recebe Fundo de Garantia, não recebe horas extras, não tem hora para trabalhar em nome da sua missão, ia para a reserva sendo promovido em dois postos acima e recebia por esses dois postos acima. Após 20 anos, passamos a ser promovidos, quando vamos para a reserva, a um posto acima e recebemos apenas por um posto acima. Quando eu fui para a reserva, eu não fui promovido a um posto acima, mas nós recebíamos por um posto acima.

É uma curva descendente, nobre Ver. João Antonio Dib. Hoje, o militar quando vai para a reserva - sem receber o Fundo de Garantia - não é promovido um posto acima e não recebe por um posto acima. E várias tentativas foram feitas para que o militar ganhasse aumento diferenciado, tanto quem está na ativa e quem está na reserva. Fizeram uma tentativa para que essa curva continuasse descendente, para que quando o militar for para a reserva passasse a ganhar um posto abaixo, como digo, sem ter direito a hora extra, sem ter direito a Fundo de Garantia, sem ter direito à cidadania de ter o seu comércio próprio no exercício da função, servindo à Instituição e à Pátria brasileira.

Eram essas as minhas indignações, e tenho muitas outras a colocar. Nós estamos na contramão da história, perdendo os nossos direitos adquiridos e não acompanhando o desenvolvimento mundial quanto ao crescimento de emprego, de dignidade e, principalmente, da ética, da moralidade e da honestidade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, só quero comunicar a presença de nossos visitantes, que são de vários Municípios; estão fazendo curso na ASCAM e nos prestigiam no momento.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Vou comunicar daqui a pouquinho, mais especificamente, Excelência, assim que o Ver. Ervino Besson terminar de falar, porque ainda estão vindo colegas lá do curso, ainda não estão todos aqui.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhoras que nos assistem pelo Canal 16 da TVCâmara, bem como as pessoas de diversos Municípios que estão aqui, fazendo o curso pela ABRASCAM, quero cumprimentar, carinhosamente, a cada um e a cada uma de vocês.

Hoje é um dia importante: hoje é o Dia do Amigo. Acho que a coisa mais bela que existe, hoje, entre as pessoas, é conseguirmos, pelo menos, num dia do ano, dar um abraço num amigo. Muitas vezes, um amigo vale mais do que o bolso cheio de dinheiro. Portanto, aos amigos aqui da Casa, aos funcionários, aos queridos colegas Vereadores e Vereadoras, e a vocês, também, que nos honram aqui com a sua presença, representando diversas Câmaras aqui do nosso Rio Grande, e às pessoas que nos assistem pelo Canal 16 da TVCâmara, um abraço muito fraterno, muito carinhoso, por este dia de hoje, que é o Dia do Amigo.

E, também hoje é o Dia dos Comerciantes, de Vendedores de Combustíveis, para os quais também fica o nosso abraço pelo dia; ao nosso amigo da Sulpetro, também transmito aqui o nosso abraço, pois esse é um trabalho extremamente importante para a economia do nosso País.

Nós, há poucos dias - acho que todos nós -, acompanhamos, o País inteiro acompanhou os jogos da Seleção Brasileira, respeitosamente. Aos gremistas e às outras pessoas que tenham carinho por outros clubes - pois um clube, para a sua grandeza, necessita do outro. Agora, quem assistiu ao jogo do Internacional no dia de ontem - não porque eu seja colorado - vamos, pelo menos, fazer um minuto de reflexão. O que sobrou no Internacional, no jogo de ontem, aquela fibra, aquele amor à camisa, não faltou para os nossos jogadores da Seleção Brasileira? Isso serve para gremistas e colorados, juventudistas, caxienses, e a todos os clubes deste País! Faltou ou não faltou sangue, amor à Pátria, brasilidade? Espero que o que se viu no jogo de ontem, meus caros colegas Vereadores, sirva de exemplo. Que esses jogadores, que representaram o nosso País, recebam isso como exemplo, que recebam isso como um alerta.

Parabéns ao Sport Club Internacional, parabéns aos seus jogadores, parabéns àquela grande massa de torcedores e torcedoras, crianças, mulheres, enfim, que estiveram ontem no Gigante da Beira-Rio, onde aqueles 11 jogadores jogaram ontem com amor ao Clube, amor àqueles torcedores, às aproximadamente 50 mil pessoas que estavam torcendo pelo Sport Club Internacional. Eu faço esse registro aqui com muito carinho.

Como disse, este dia de hoje é importante para nossa trajetória, uma vez que o nosso País, que o nosso povo, hoje, está muito apreensivo por tudo que está acontecendo neste País em função da insegurança. Acho que nós temos que acompanhar aos julgamentos que estão acontecendo desses dois bárbaros crimes praticados. Nós que somos homens públicos, nós que temos o compromisso, pelo menos, com uma parcela dessa população deste nosso Rio Grande e - por que não? - do nosso País. Alguns depoimentos, algumas colocações do nosso Poder Judiciário, respeitosamente, nós temos de acompanhar e ver o desfecho de tudo isso.

O que eu lamento, e digo isso para vocês, é a forma como são tratadas as coisas, as tragédias dessas famílias, e como alguns juristas usam essas tragédias para confundir a opinião pública. Isso nos entristece. Muitos esquecem a dor do que restou dessas famílias, porque essas famílias foram dizimadas, os parentes, pais e amigos. E digo a vocês que, muitas vezes, algumas pessoas usam isso de uma forma chocante, porque por alguns crimes bárbaros que acontecem neste País acho que as pessoas deveriam pagar penas com muito mais rigor, e, infelizmente, essas pessoas, muitas vezes, são tratadas na palma da mão. Provas desses bárbaros assassinatos têm de sobra.

Para encerrar, meu caro Presidente, eu lamento que algumas pessoas, em alguns momentos, perdem o sentido do sentimento e do sofrimento dessas pessoas. Mas vamos pedir a Deus que ilumine essas pessoas que sofrem e que ilumine algumas decisões, alguns procedimentos dessas pessoas que tentam defender esses bárbaros crimes que acontecem. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver. Besson. A Associação dos Servidores das Câmaras Municipais do Rio Grande do Sul, cujo Presidente é Márcio de Moraes, sempre propicia aqui na Câmara cursos de atualização ou de orientação do processo legislativo, de processos financeiros e tudo o que há de interesse para a Administração Pública. Agora está acontecendo o curso de Administração Técnica, Princípios da Produção Documental dentro do Processo Legislativo. Esse curso conta com 101 participantes, sendo 23 deles Vereadores do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, que agora nos visitam. Peço aos Vereadores a nossa saudação para os nossos visitantes. (Palmas.)

O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores, para nós é uma honra estarmos aqui e termos, neste recesso, a visita desses ilustres amigos a esta Casa Legislativa, fazendo parte dessa tão nobre associação, buscando conhecimento para servir melhor à sociedade.

Venho a esta tribuna para dizer que, ontem, reunida a Mesa Diretora desta Casa, da qual faço parte também como Secretário, recebemos o Presidente da Assembléia Legislativa, o Deputado Fernando Záchia, quando nos foram apresentados os relatórios do Pacto pelo Rio Grande. E este Vereador, e acredito que também os demais Vereadores, pelo que estamos percebendo, só tem palavras de elogio. Porque, Ver. Dib, os momentos que o Brasil, a sociedade, o mundo atravessam são de extrema dificuldade, quando todos os aspectos da sustentabilidade do ser humano parece que resolveram, num único período, entrar em colapso: na ecologia, por exemplo, secas, tufões, tsunamis - coisas que até há pouco tempo não se ouvia falar. Parece que tudo, num mesmo período, degringolou. No mundo político um caos, o mundo econômico da mesma forma, o mundo moral é o que está se vendo: violência sem precedentes, as drogas...

Então, a gente percebe que em todos os aspectos que permeiam a sociedade, a vida resolveu - parece que se combinaram - entrar em colapso.

A governabilidade está difícil em todos os aspectos, não só no Rio Grande do Sul. Uma nova forma de gerenciamento se faz necessária diante das coisas que estão acontecendo e que fogem, inclusive, do controle humano, porque a natureza, de repente, apresenta uma cheia, uma seca, um maremoto e aí não existe ninguém que vá e diga: “agora a seca não”. E a seca vem, derruba o trigo e com isso vem a fome. Aparece a gripe asiática e o mundo sofre.

É necessária uma reflexão maior, acho que é tempo de o ser humano se despojar do egoísmo, e eu vejo no Pacto pelo Rio Grande uma forma de trazer um conteúdo prático, austero, honesto, sincero, sob pena de não se ter educação, não se ter segurança, porque já tendo um mínimo está muito ruim, e não tendo nada será o caos total. Haja vista a guerra no Oriente: bastam as coisas não andarem o mínimo necessário, as pontes caem, as estradas e os aeroportos fecham, e a gente está contemplando a tudo isso.

Então, eu penso que é um momento de grande reflexão e que temos de nos despojar daquilo tudo que é o eu.

Muitas vezes, a governabilidade se torna muito difícil, porque existe muita vaidade, estrelismo - e isso é muito perigoso, porque entra o aspecto feio do ser humano, que é a arrogância, o orgulho, a prepotência, a avareza, a desonestidade e as coisas vão de mal a pior.

Então o Pacto pelo Rio Grande veio num momento em que a sociedade não pode fazer mais sacrifícios, porque já faz demais. A sociedade vem sangrando há muito tempo. As famílias estão perdendo os filhos para as drogas. Eu trabalho nessa área de recuperação de jovens envolvidos com drogas, sou fundador de uma instituição que se chama Projeto Vida e Saúde, há muitos anos trabalho nessa área e a gente percebe que o uso de drogas vem aumentando, as famílias estão perdendo seus filhos; e quando uma família tem um filho drogado, essa família acaba. Essa família perde para as drogas, perde um filho que vem da faculdade e leva um tiro - como eu levei um tiro no pescoço, a bala saiu pelo pulmão, mas eu ainda tive a graça de Deus e estou vivo aqui, mas quantos não têm? Então, o que acontece? A violência tem de ser contida, e o Pacto pelo Rio Grande vai ajudar na Segurança, na Economia, na Educação, na Saúde. Enquanto isso o Judiciário vai aos jornais fazer declarações, como as que comentei ontem aqui nesta tribuna - nada felizes -, de que as lágrimas do Deputado Cézar Busatto seriam semelhantes às da menina que tramou o assassinato dos seus pais. Eu acho que esta foi uma declaração impensada, não ajuda o Rio Grande, e o Judiciário possui os melhores salários em comparação a outros Órgãos.

Agora, quando tem de mexer no próprio bolso, a coisa complica. Então, as pessoas fazem declarações como essas que foram ditas pelo Judiciário, de uma forma leviana, no meu ponto de vista, porque ganham bons salários.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elias Vidal, quero cumprimentá-lo pelo seu discurso, pela sua postura, e lembrá-lo de que o teto salarial ficou em 22 mil reais, enquanto que o que se pretendia era que esse teto baixasse para 14 ou 15 mil reais por mês. Só para que a população saiba que o teto salarial ficou acordado em 22 mil, e que, com todo o respeito, é um baita de um salário!

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Vereador, o tempo de V. Exª encerrou-se.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, solicito a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Elias Vidal continua com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Então, dando continuidade a essa linha de pensamento, agradeço a contribuição do Ver. Vendruscolo. Todos nós sabemos que o salário de 22 mil é muito bom; não se morre de fome com 22 mil reais. Agora, querer mais do que isso, eu acho que é egoísmo, é um pecado. Entrando no campo espiritual, entrando na Teologia, isso aí é uma avareza, porque um salário de 22 mil reais é de bom tamanho. Um juiz, aposentando-se com esse salário, terá uma vida muito boa; poderá viajar muito pelo Brasil, pelo mundo, tirar boas férias, ter uma boa casa e um bom carro. Agora, o que vamos dizer daqueles que trabalham o mês todo e ganham um salário mínimo? Eu penso que a sociedade já fez o seu sacrifício, fez demais; a sociedade sofre, a sociedade padece por falta de muitas coisas que são básicas, necessárias para a vida humana, como a Educação, a Saúde, a Segurança.

Este Vereador não poderia deixar de dizer que o Pacto pelo Rio Grande veio em boa hora. Quando ele se iniciou, pensei comigo: quem será que vai entrar nesse Pacto? A gente percebe que algumas forças ficaram de fora. Acontece que há um pensamento de que sempre alguns lucram. Por exemplo, tem gente que ganha com a violência, tem gente que ganha com a guerra, tem gente que ganha com as drogas. Alguns pensam assim: quanto pior, melhor, porque na desordem não há controle, e com a falta de controle eu posso ganhar ou até roubar. Então, há grupos que preferem a ingovernabilidade, porque uma casa sem governo vira a casa-da-mãe-joana, como diz a expressão chula, mas que expressa bem o que eu quero dizer. Se um pai ou uma mãe não controlam uma casa, uma família, os filhos fazem o que querem: usam drogas, se prostituem, roubam, e essa casa se torna, muitas vezes, um abrigo de marginais. Agora, quando o pai é austero, é equilibrado, é amigo, quando o pai usa o diálogo, é mais difícil de isso acontecer. Eu penso que o Pacto pelo Rio Grande tem sido discutido, sim, e não como disseram, que não está sendo discutido como deveria.

Agora, o que me deixou feliz, Sr. Presidente, foi o que V. Exª disse como nosso Presidente. E não poderia ser diferente, tinha de ser V. Exª, um grande, generoso, bom médico, e um bom administrador. Ontem, na Mesa, V. Exª mencionou que vai propor ao Prefeito de Porto Alegre - e recebeu o apoio da Mesa, dos seus colegas - um pacto por Porto Alegre que seja inserido no Pacto maior. Temos de ter até um pacto pelo Brasil! Os senhores que estão aqui nos visitando, nesta manhã, também devem ter um pacto no seu Município. Eu acho que é o momento de todos aderirem a um pacto, e cada um, como uma grande colcha de retalhos, tem o seu pedacinho a confeccionar. Porto Alegre tem de fazer a sua parte; o Estado tem de fazer a sua parte; o Brasil tem de fazer a sua parte, e você tem de fazer a sua parte.

Sr. Presidente, V. Exª teve uma grande iluminação quando ontem propôs, entre seus colegas ali, esse Pacto por Porto Alegre, apresentando ao Sr. Fogaça, e se isso for proposto, acredito que V. Exª vai encabeçar, vai liderar todo esse trabalho, terá o apoio de nós, dos outros Vereadores, e, se Deus quiser, o Pacto pelo Rio Grande ficará mais forte com a adesão do Pacto por Porto Alegre. O nosso muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre, durante o recesso, mantém uma representação especial de Vereadores e continua apresentando os problemas da Cidade e, às vezes, comentando os problemas nacionais que incomodam os Municípios, ou atuações éticas e sociais. Não pode haver votação durante este período ou deliberação, a não ser de Atas e de alguns requerimentos, mas a Câmara de Porto Alegre continua trabalhando o ano inteiro, não pára nem no segundo Recesso, que é o do final do ano. Portanto, dentro deste processo, ouviremos agora o nosso muito querido Ver. João Antonio Dib, do PP - Partido Progressista.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje é o Dia do Amigo, e eu quero saudar todos os meus amigos, todas as minhas amigas, e o faço com as palavras que usualmente eu utilizo quando as pessoas se aproximam de mim, quando eu encerro a minha correspondência, quando eu encerro os meus pronunciamentos, digo a todas as minhas amigas e aos meus amigos: Saúde e PAZ! E eu quero dizer que essas palavras não são uma forma protocolar de dizer algo; estas palavras “Saúde e PAZ!” saem do fundo do meu coração, porque é o que eu desejo a todos os meus semelhantes, indistintamente.

Hoje, Sr. Presidente, é o Dia do Amigo, e talvez seja o momento de fazer uma reflexão, uma reflexão sobre a paz. Neste momento, no mundo, estão sendo gastos milhões de dólares, dezenas de milhões de dólares. Ao fim do dia, ao fim das 24 horas, terão sido gastos centenas de milhões de dólares na guerra. Isto é o que ocorre diariamente. Diariamente centenas de milhões de dólares são gastos na guerra ou para elaborar produtos para a guerra. Se essas centenas, esses bilhões de dólares, centenas de bilhões de dólares anuais fossem utilizados para a paz, nós teríamos um mundo bem melhor.

Neste momento em que se fala em Pacto pelo Rio Grande - até em pacto pelo Brasil já estão pensando -, é importante, Sr. Presidente, ressaltar o valor da amizade para chegar à paz, quando nós vemos o mundo em guerra.

Nós temos uma população de pouco mais de seis bilhões de habitantes no mundo. Imagine utilizar esse dinheiro para recuperar a pobreza, para fazer com que tudo fosse melhor neste mundo, que houvesse Educação, houvesse Saúde, esses bilhões de dólares permitiriam isso. Esses seis bilhões de habitantes que há no mundo caberiam, se colocados lado a lado, juntos, num quadrado de 40 quilômetros de largo. Vale dizer que, numa área como a do nosso Estado do Rio Grande do Sul, que tem 280 mil quilômetros quadrados, nós poderíamos colocar a população do mundo cerca de 175 vezes, e nós falamos que vai faltar água, nós falamos que vão faltar alimentos, nós falamos que vai faltar petróleo. Não vai faltar nada, falta mesmo é respeito pelos seus semelhantes por parte dos que são poderosos e deveriam dar o exemplo. Eles vendem armas exatamente para aqueles que podem menos, porque os poderosos produzem as suas armas. Eles vendem para países extremamente pobres, onde as crianças vivem de forma desumana, numa forma que nos deixa impressionados cada vez que nós vemos, na televisão, países do continente africano, do continente asiático em situação de miséria, mas com armas das mais modernas.

Como eu disse, neste momento, estão sendo gastos dezenas de milhões de dólares que poderiam ser utilizados na Saúde, na Educação, na Segurança de todos. Mas vejam só que, se nós tivéssemos todo o povo do mundo educado, nós teríamos um mundo com menos gente! Nós não precisaríamos falar em planejamento familiar, porque a educação traria isso! Nós não precisaríamos nos preocupar com segurança, porque o mundo seria de amigos!

E hoje é o Dia do Amigo. Quem sabe sensibilizaríamos os Bush da vida, os Tony Blair, os outros tantos que por aí estão, cujos países vendem quantidades imensas de armas e precisam da guerra todos dias. Eu acho que nós precisamos mesmo é de paz, e talvez nós a consigamos, um dia, quando todos se conscientizarem que todos somos irmãos, que todos somos semelhantes, que não há por que lutar para dizimar os nossos semelhantes, para matar os nossos semelhantes de forma cruel. Os brasileiros estão sendo mortos no Líbano, mas por quê? Nós precisamos, Sr. Presidente, é de paz; e eu, mais uma vez, saúdo todos dizendo: saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; quero cumprimentar sua esposa também que sei muito o ajuda no trabalho que tem que ser feito no dia-a-dia. V. Exª está muito bem na fotografia hoje no jornal, refletindo a reunião de ontem que foi realizada aqui nesta Casa, reunindo o Presidente da Assembléia Legislativa, a Mesa Diretora da nossa Casa, demais Lideranças, para fazer a primeira discussão sobre esse Pacto que envolve todo o Rio Grande do Sul.

Sr. Presidente, já que nós vamos entrar nessa discussão - eu estava ouvindo o Ver. Elias Vidal falando aqui sobre o Pacto -, acho que nós precisamos ter consciência do que ele significa. Para o Rio Grande do Sul, eu acredito que ele é uma questão de vida ou morte; sem o Pacto, no ano que vem, o Governador que assumir, seja ele qual for, não terá condições de pagar em dia os funcionários públicos, não terá condições de honrar os compromissos do Estado, ele estará realmente governando um Estado quase inviabilizado. Com o Pacto, ele começa a ter algumas condições, mas sem o Pacto ele vai ter problemas, primeiramente com o ICMS, que já vai ter um furo para o ano que vem; ele vai ter um déficit realmente muito profundo. E seja ele qual for, ele vai precisar realmente do Pacto para poder sobreviver, não soçobrar com a nau que ele vai começar, recém, a dirigir.

Para nós aqui, em Porto Alegre, Sr. Presidente, tem um significado um pouco diferente; para nós não é uma questão de vida ou morte, pelo menos imediatamente. Nós temos um Orçamento bem equilibrado; nós temos um Orçamento que, da forma como está sendo trabalhado pelo Governo Fogaça, é capaz de fazer com que nós tenhamos um ano tranqüilo, aumentando, inclusive, os recursos que vão ser aplicados para satisfazer problemas que nós temos dentro da sociedade. Hoje, 47%, 46% do que é arrecadado é gasto com funcionários públicos; nós temos um serviço da dívida bem equilibrado; nós temos, hoje, uma sobra para aplicação em obras, que é realmente alguma coisa considerável, está aumentando. Nós temos boas possibilidades, realmente, aqui em Porto Alegre. Agora, é claro, se nós não nos cuidarmos, o que vai acontecer é que a gente vai acabar na mesma situação em que está o Estado hoje: quase ingovernável. E, por isso, é importante que a gente comece a discutir hoje.

O corporativismo que reinou, durante muito tempo, em todas as administrações públicas no Brasil, e que também se faz presente aqui, Sr. Presidente, ele precisa ser tratado de uma maneira um pouco diferente para que nós realmente possamos dar a resposta ou as respostas que a sociedade espera de nós. Porque, daqui a pouquinho, se nós começarmos a ceder simplesmente a pressões e mais pressões corporativas, o que vai acontecer, Ver. Todeschini, é que, daqui a pouquinho, independente de estar o meu Partido, o seu Partido, o Partido que for governando Porto Alegre, nós não vamos responder a Porto Alegre aquilo que Porto Alegre quer ter de respostas. Então, precisamos fazer com que haja um entendimento entre todos nós de que a Administração Pública existe para servir à sociedade, as administrações públicas não existem para se servirem da sociedade, elas estão inseridas em um contexto para poder realmente servir à sociedade. Quando nós entramos numa repartição pública e vemos o cidadão sem vontade, às vezes tratando mal o cidadão que está no balcão, ou, de repente, não dando muita importância para ele, isso é um dos maiores crimes que pode ser cometido dentro da nossa sociedade, e ele é cometido diariamente. E essa consciência é que tem de tomar conta do conjunto da sociedade. Esse Pacto não tem de ser um pacto que envolva apenas os administradores; esse Pacto, Ver. Todeschini, na verdade tem de envolver todo o conjunto da Administração Pública: os dirigentes, os funcionários, todo mundo tem de tomar consciência da importância que existe de nós realmente fazermos com que a Administração Pública volte a exercer a função que ela tem de exercer, que é a de servir à sociedade, e não a função de ser servida pela sociedade.

Nós estamos cometendo o exagero nas administrações públicas, e, daqui a pouquinho, as arrecadações servirão para pagar dívida e para pagar funcionalismo público, e, de repente, o que sobra é uma migalha para poder ser aplicada realmente em obras para o conjunto de toda a sociedade. Isso tem de ser invertido, isso tem de ser reestudado, e isso é uma consciência que deve tomar conta não apenas dos administradores, mas deve tomar conta realmente de todo o grupo de funcionários públicos, não apenas aqui em Porto Alegre, mas em todo o Brasil.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Elias Vidal reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Elias Vidal; Srs. Vereadores, assistentes do Canal 16, público presente, nós estamos aqui hoje, produzindo um debate em relação à matéria, em relação ao debate sobre o Pacto pelo Rio Grande. Eu concordo com aqueles que se manifestaram aqui, dizendo que não é possível governar o Rio Grande no próximo período, independentemente de quem seja o futuro Governador, se não tiver uma alteração ou alterações importantes do ponto de vista a refazer o equilíbrio, principalmente econômico e financeiro, das contas do Estado do Rio Grande do Sul.

Eu quero dizer que é necessário sim, eu acho que é importante que venha uma idéia de pacto, mas que esse Pacto não venha para penalizar aquele conjunto de funcionários que são os que menos recebem no Rio Grande do Sul, porque nós vimos muitas idéias em que estavam embutidas a privatização e a demissão de funcionários. Não se trata de defender as corporações, ou defender este ou aquele setor, ou defender que o Estado tenha um fim em si mesmo. O que está errado é que a maioria dos Governadores privilegiou as categorias mais privilegiadas do Estado; ou nós não vimos, há pouco tempo, Ver. Comassetto, algumas das categorias mais aquinhoadas receberem aumentos de 28% a 30%, sabendo da impossibilidade total do Governo de pagar essa conta?

Portanto, é necessário, sim, uma doação de todos; Pacto sim, porém sem penalizar aqueles que são os prestadores dos serviços, basicamente os servidores da Segurança, da Educação, da Saúde, porque essas pessoas, funcionários dedicados, grandes profissionais, têm recebido uma recompensa salarial muito aquém do que merecem.

Mas eu quero aqui fazer um parêntese, porque isso também dialoga com a idéia - pelo menos no passado assim o foi - da privatização. E nós aqui tivemos o desprazer de ter tido a privatização dos serviços de telefonia, em que nós vimos que os resultados econômicos, os ganhos absurdos das companhias telefônicas, com o objetivo de cumprir metas, de universalizar os sistemas, têm proporcionado ganhos extraordinários para as companhias, mas não têm correspondido às obrigações conforme contratadas. Falo da universalização dos serviços de telefonia que cobra taxas escorchantes; nós temos uma taxa fixa nos três milhões e 600 mil telefones fixos, mais os telefones celulares que pagam taxas fixas, com a finalidade de universalização do serviço, e isso não acontece.

Eu quero fazer este gancho, porque nós estamos tendo a infelicidade de ver o nosso sistema de coleta e limpeza urbana também na iminência de privatizar os serviços, passando um ônus pesado para a sociedade.

É isto que queremos discutir, que queremos debater, Verª Margarete Moraes, sobre quem está comandando as ações no DMLU. E isso não pode ser entendido como pacto ou coisa aceitável, porque significa o mesmo retrocesso que tivemos com o Governo Britto.

Aliás, o atual Diretor do DMLU foi um dos próceres da privatização da CRT, um dos próceres da famigerada política do ex-Governador Antônio Britto, que ajudou a afundar este Estado, deixando-o em situação calamitosa.

E, agora, vemos isso acontecer, Ver. Nedel, aqui no Município, lamentavelmente, prejudicando os serviços, porque a Limpeza Urbana da cidade é um verdadeiro caos. O lixo está espalhado por tudo; por desgoverno, por desmando, por incompetência e por ação política determinada, sim.

E o remédio que apresentam, agora, é querer entregar o DMLU e o serviço de limpeza urbana, a preço de banana, para as multinacionais. É isso que o Prefeito Fogaça está fazendo. É para esse lado que o DMLU está indo.

Lamentavelmente, o povo de Porto Alegre tem de ter a consciência do erro que cometeu, do equívoco que cometeu, elegendo essa maioria que governa a Cidade, com o Governo Fogaça e com essas lideranças que comandam o nosso Departamento de Limpeza Urbana.

Estou estudando, para o dia de hoje, a possibilidade de entrar com um mandato de segurança para sustar a licitação, pois há muitas coisas obscuras, e temos o dever, como Vereadores, de fazer o controle dessas ações do Poder Executivo, porque, se vencedoras, elas virão em grande prejuízo à grande maioria do povo de Porto Alegre. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elias Vidas; colegas Vereadores; Vereadoras, público que nos assiste, eu quero fazer, aqui, hoje, um comentário sobre a situação em que nos encontramos hoje, referente à política econômica nacional, que se reflete na ação de cada um de nós no dia-a-dia, e trazer para análise qual é o caminho que o País está seguindo na política econômica. Todos nós, partidariamente falando, entendemos que os juros deste País ainda são juros altos, mas qual o caminho que o País está percorrendo para enfrentar a conjuntura da política econômica interna e externa?

Hoje, nós amanhecemos com a taxa de juros mais baixa dos últimos 31 anos da nossa República. Trinta e um anos! São três décadas. Esta é a análise que nós temos que fazer: 14,75% de juros. É alto? É alto.

Agora, qual é o caminho que nós estamos percorrendo? Quando o Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu o Governo, os juros estavam em 26%; hoje, os juros se encontram em 14,75%, aproximadamente 50% daquela taxa que recebeu, Ver. Ervino. Essa é a análise que temos que fazer. E qual é a tendência? É diminuir ainda mais, é nós chegarmos até o final do ano com uma taxa de aproximadamente de 13%. Isso é significativo, isso é simbólico, e essa trajetória é um projeto de médio a longo prazo; não é um projeto que faz com que, de um dia para outro, possamos reduzir; é a Economia sendo trabalhada na sustentabilidade, Ver. Braz, e este é o rumo do Projeto que o Governo Federal vem implantando sobre a questão da Economia, é a estabilidade da relação do País com a economia internacional, para o País poder firmar-se nas relações internacionais, orientado internamente, para que a economia reaja, para que o setor industrial possa produzir, e a população consumir. As senhoras e os senhores que estão aqui nos assistindo nas galerias, sabem que, há dez anos, quando iríamos comprar uma geladeira, pagávamos 100% de juros na compra dessa geladeira. Hoje, isso já não acontece. Por quê? Porque os juros vêm baixando, porque a Economia vem baixando, e o consumo vem aumentando.

Então, o dia de hoje é um dia histórico, pois, pela primeira vez, em 31 anos da República, nós temos as taxas de juros mais baixas já alcançadas por uma política monetária implantada por um Governo Federal; nesse caso, pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Então, essa questão é que nós temos de analisar, Sr. Presidente, porque isso é o que bate no bolso de cada um. Quero registrar, aqui, novamente: é o que queremos e o que desejamos? Ainda não, mas nós estamos trilhando um caminho, e esse caminho tem que ter continuidade, esse caminho da política econômica.

Os Vereadores que me antecederam vieram tratar do Pacto. Não existe Estado que se sustente, pagando 18% da sua arrecadação para a União. Agora, isso tem que estar correlacionado com a Economia nacional e ser negociado, porque o atual Governador não conseguiu sentar à mesa com o Presidente da República para negociar a dívida do Estado do Rio Grande do Sul e alongar essa dívida, para que o Estado pudesse se desenvolver de uma maneira sustentável.

Então, a diferença da política nacional que está sendo construída em relação ao Estado é esta: a política nacional está caminhando num caminho da política econômica sustentável; a do Rio Grande do Sul, infelizmente, termina um Governo com um caminho de política insustentável. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre Presidente, Ver. Elias Vidal; Vereadores e Vereadoras, o Sr. Prefeito Municipal recentemente sancionou uma Lei, de minha autoria, que proíbe o uso do fumo em lugares fechados, em ambientes públicos fechados. Eu queria cumprimentar o Sr. Prefeito, porque realmente é um avanço, é uma conquista da sociedade.

O meu Projeto não quer proibir ninguém de fumar; o meu Projeto quer proteger a saúde do não-fumante, do fumante passivo, que recebe a fumaça de segunda mão e recebe, também, as substâncias tóxicas que a fumaça contém. A fumaça do cigarro emite quatro mil e 720 substâncias tóxicas, das quais 80 são cancerígenas.

Muita gente fala que a verba do SUS é muito pequena. Ela é elevada, mas é insuficiente. Por quê? Porque grande parte da população não quer proteger a sua saúde, continua fumando. Nós sabemos que o fumo é prejudicial à saúde, que é responsável por 97% dos cânceres de pulmão, é responsável por doenças respiratórias, por problemas do coração, por problemas até de pele. O fumo incentiva a geração de câncer em vários órgãos do nosso corpo, mas as pessoas - e, tristemente, em Porto Alegre 25% da população fuma; e, graças a Deus, 75% não fuma - continuam insistindo em não proteger a sua saúde.

Agora, estamos no inverno, as emergências dos hospitais estão lotadas de crianças com problemas respiratórios, com problema de asma. Se examinarem a fundo, a mãe fumava durante a gravidez, a família fuma em casa, e a criança aspira as quatro mil e 720 substâncias tóxicas. Então, é uma lei que vai inibir o uso do fumo em lugares públicos fechados - permite em lugares abertos. Esta Câmara aprovou uma Emenda que permite fazer os “fumódromos”, com ventilação adequada, para que as pessoas que não agüentam ficar uma hora, uma hora e meia sem fumar, fumem nesses locais ou em lugares abertos. Ninguém está proibindo de fumar, estamos só protegendo aquele que não quer receber a fumaça do vício do outro.

Nós avançamos nessa área da saúde.

Então quero falar sobre o que muita gente diz: “Puxa vida! Vai trazer desemprego, as pessoas que fumam não irão mais a bares e a restaurantes”. Olha, a experiência que temos de Nova Iorque, de Brasília, de Montevidéu - aqui no Uruguai - , é que em todos os estabelecimentos aumentou a freqüência, porque aqueles 75% que não queriam ir a bares e a restaurantes, porque se sentiam incomodados com a fumaça, começaram a ir a bares e a restaurantes, aumentando a clientela e gerando novos empregos.

Uma das preocupações do Ministério do Trabalho é com os trabalhadores que são obrigados a permanecer em recintos fechados com fumaça, desprotegendo a sua saúde. Então esse caso não vai mais acontecer.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, quero cumprimentá-lo, até porque votei no seu Projeto, mas vou fazer-lhe um apelo: que o senhor lute para que essa concepção de comportamento, de educação, seja também empregada nesta Casa. Nós temos que começar a aplicar o seu Projeto aqui.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu concordo com V. Exª, vou só esperar a regulamentação e alguns aperfeiçoamentos na própria Lei, mas V. Exª tem toda a razão. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu ouço com muita atenção os meus colegas que ocupam a tribuna e acho que as afirmações que fazem, as preocupações que trazem, merecem, de repente, resposta. Eu não ouvi, em nenhum momento, no Executivo Municipal, falar em privatização da limpeza pública; em nenhum momento. Agora eu tenho a impressão de que falar em privatização do Departamento Municipal de Limpeza Urbana ou de fazer a privatização da limpeza pública seja uma preocupação para que não se fale do passado da limpeza pública nas Administrações do Partido dos Trabalhadores, que começaram lá em 1992. O incinerador de lixo que foi comprado com a assessoria petista e não foi instalado nunca, mas como foi comprado e pago - 85% dele - com dinheiro de entidades privadas, de entidades hospitalares, a Prefeitura do Sr. José Fogaça agora vai ter que pagar para aquelas entidades, porque ganharam em juízo, aquilo que o incinerador do lixo não fez, ele se auto-incinerou, queimou-se, não foi instalado. Ou quem sabe eu preciso falar do motor de explosão que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana, que não tem auto-suficiência de recursos para se movimentar, para trabalhar, mandou estudar?

Eu não entendo qual a vinculação de motores de explosão que possa ser estudado pelo Departamento de Limpeza Urbana. Isso foi três dias antes de o Prefeito Olívio Dutra deixar a Prefeitura, em 28 de dezembro de 1992. E foi feito tão apressado o contrato com a Fundatec, que emitiram uma nota de empenho para pagamento de 112 milhões de cruzeiros, o que corresponderia a 40 mil dólares, na época, para a Cientec; o empenho foi dirigido à Cientec, que, é claro, não recebeu o dinheiro, porque não lhe competia receber, mas a pressa... E, como o outro incinerador se auto-incinerou, o motor de explosão provocou uma auto-explosão e nunca foi feito nada. Então, talvez, seja essa a preocupação, porque, na Administração atual, vejo que está sendo feita uma licitação de grande porte, e o Prefeito indicou uma comissão de cidadãos, sobre os quais não se pode pôr dúvida, para acompanhar a licitação. Então eu não estou entendendo por que essa preocupação constante com as coisas da Administração, levando para a privatização, pois não se pensou nisso, tenho certeza, em privatizar serviço nenhum.

Também eu quero dizer que o meu amigo, o Ver. Carlos Roberto Comassetto, elogiou os 14,25% da taxa Selic, que, realmente, é um valor baixo em relação aos últimos trinta anos; eu não posso dizer que não seja isso, mas não é só isso que resolve o problema do País. A inflação está contida, sem dúvida nenhuma, mas o número de desempregados aumentou de forma astronômica. Só na Grande Porto Alegre há mais de 250 mil desempregados, é só olhar o Vale do Calçado para ver como está muito mal, porque outras medidas têm de ser tomadas, além da taxa de juros, que, realmente, é uma das mais altas do mundo, ainda.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu fico preocupado, porque nós temos uma Comissão Representativa, e, nesta, nós podemos votar requerimentos, podemos autorizar licença para o Prefeito viajar, uma série de coisas podem ser feitas. E nós nos reunimos, semanalmente, duas vezes aqui na Casa. E, hoje, eu acredito que não haja votação, mas há 25 Requerimentos para serem votados; dezesseis destes 20 Requerimentos, Sr. Presidente, são do ano passado, não tem por que estarem na pauta para ser votados e alguns também são até graciosos. Por exemplo, votar uma Moção de Solidariedade ao Sr. Francenildo Santos Costa, que teve o seu sigilo bancário quebrado pelo Ministro Palocci; e outros, como votar Moção de Solidariedade à família de uma pessoa que faleceu em 20 de abril de 2006. Se o interessado no Requerimento não tomou providências para que ele seja votado, o melhor é que depois de 15, 20 ou 30 dias ele fosse retirado da pauta de Requerimentos a serem votados. Há requerimentos de repúdio a pessoas que não estão mais em atividade naquela área, há requerimento de solidariedade a pessoas que também não estão. Então acho que a Diretoria Legislativa poderia, talvez, elaborar uma sugestão de alteração do Regimento. Requerimento não votado em 30 dias sai da ordem de votação dos requerimentos. É uma medida que traria benefícios a todos nós. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): Informamos a presença do Vereador do Partido Progressista de Ibirapuitã, Ver. Ibanez Portella. Seja bem-vindo; é uma honra para nós recebê-lo nesta Casa Legislativa. Obrigado pela sua presença.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro colega, Sr. Presidente, Ver. Elias Vidal; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, e também as pessoas que nos acompanham pelo Canal 16, da TVCâmara, queria saudar a todos. Ontem à noite, participamos de uma reunião na Associação de Moradores do Jardim Vila Nova, uma reunião promovida pelo Presidente Amâncio Ferreira, juntamente com a sua diretoria; quero destacar o trabalho dessa Associação; quero também destacar o trabalho no período em que presidiu a Associação o Elton Fraga, irmão do nosso querido colega Ver. Mario Fraga. Inclusive há um belo prédio da Associação, que foi uma luta no período em que a presidiu o Elton Fraga. Mas eu faço questão de destacar que estiveram presentes nessa reunião a Brigada Militar - como sempre -, a Guarda Municipal e o Conselho Tutelar, juntamente com a comunidade. Apresentei um Projeto de Lei a esta Casa, que foi aprovado, hoje é Lei, referente à criação dos conselhos e fóruns da nossa Porto Alegre, que hoje está sendo usado pela própria Secretaria e pelos próprios segmentos da Segurança Pública. Cada vez eu me convenço mais, quando a gente participa dessas reuniões, da importância desse Projeto para que as instituições, juntamente com a comunidade, discutam os problemas da Cidade, principalmente o problema da nossa Segurança.

Ontem à noite foram levantados alguns problemas, e eu digo que a sociedade cobra praticamente tudo da Segurança Pública, mas nós também temos o nosso dever para com a Segurança. Há poucos dias eu recebi uma violenta crítica por parte de uma família de Porto Alegre por falta de iluminação pública, e com razão. Só que, depois de verificar e obter outras informações a respeito do porquê da demora de colocarem a iluminação pública em determinada rua de Porto Alegre, eu soube que a fiação baixa havia sido roubada. E três pessoas na rua viram quando estava sendo feito o roubo da fiação, e uma dessas pessoas era integrante dessa família que nos criticou violentamente. Eu fui falar com a família e mostrei a ela também a nossa responsabilidade a respeito da nossa Segurança, no sentido de que nós temos também o dever de denunciar quando acontece esse tipo de roubo; mas a gente se omite, não denuncia. Nós temos, hoje, em Porto Alegre, ruas que não têm iluminação, porque os fios foram roubados.

Meu caro telespectador do Canal 16, vamos mudar o nosso sistema, vamos denunciar esses fatos aos órgãos competentes para que nós possamos evitar a grande quantidade de roubos de fiação. As pessoas reclamam, mas o pessoal vai lá para trocar as luminárias e não encontra a fiação; aí já é outro tipo de trabalho, então acontece a demora para colocarem a luz em determinadas ruas. Vamos ter consciência; vamos denunciar! Há poucos dias roubaram todas as luminárias do Túnel da Conceição. Eu pergunto: será que as pessoas roubaram isso em dois, três minutos? Nenhum motorista viu que estavam roubando as luminárias? É dinheiro nosso que está sendo investido! Vamos denunciar! As pichações dessa Cidade, ninguém vê? Aí o pessoal cobra, cobra tudo dos órgãos públicos! Vamos mudar o nosso sistema, vamos denunciar!

Nós temos hoje milhares de quilômetros de fios roubados em Porto Alegre! O pessoal rouba os fios, e, para recolocá-los, é necessário que vá outra empresa lá! Há uma grande quantidade de quilômetros em fios roubados! Vocês têm a oportunidade de assistir, pela televisão, no dia a dia, notícias sobre esses fatos! Mas será que ninguém vê quando isso acontece? Vamos mudar o nosso sistema! Trata-se da nossa Segurança! Vamos denunciar! Temos telefones, vamos denunciar esses fatos às autoridades competentes para que a gente possa, pelo menos, amenizar o sofrimento dessas pessoas! Agora, vamos cobrar, vamos criticar, mas vamos ver se nós fazemos a nossa parte! Será que nós fazemos a nossa parte no sentido de denunciar? Ninguém vê as pichações, roubos de fios, roubos de lâmpadas? Isso significa que grande quantidade de dinheiro nosso está sendo roubado! Dinheiro esse que poderia ser investido em outros setores da cidade de Porto Alegre!

Portanto, eu faço aqui esta denúncia, até por um desencargo de consciência; penso que a população tem de reclamar. Parabenizo a comunidade do Jardim Vila Nova, a Associação de Moradores do Jardim Vila Nova, o seu presidente, Amâncio Ferreira, por essa brilhante reunião. Eu acho que outras reuniões têm de acontecer mais seguidamente para que se possa discutir o assunto e ouvir a comunidade. Eu faço este alerta aqui: vamos nos ajudar! A Segurança é para todos nós, nós também temos a nossa responsabilidade em relação a isso. Então, gente querida, vamos denunciar! Vamos denunciar! Como é que pessoas roubam a fiação de toda uma rua, como está acontecendo - 500, mil, dois mil metros -, e ninguém vê? O pessoal vê, o pessoal enxerga, a prova está em que, como eu disse no início do meu pronunciamento, famílias criticaram violentamente, mas essas pessoas viram que estavam roubando os fios.

Gente, vamos pegar o telefone e vamos denunciar para que a gente possa, pelo menos, amenizar esse problema!

Encerro, meu caro Presidente. Quero também parabenizar a Brigada, a Polícia Civil, a Guarda Municipal, a EPTC pelas blitze. Vamos fazer as blitze, e eu tenho certeza de que nós vamos amenizar, pelo menos, os roubos, os desmanches de carros, que já estão sendo descobertos. Vamos ampliar isso aí, e eu tenho certeza de que a gente pelo menos vai amenizar o sofrimento dessas pessoas que são roubadas, o drama que essas famílias vivem.

Vamos nós, também, ter essa consciência, vamos ajudar, vamos denunciar para que a gente possa, pelo menos, amenizar o sofrimento dessas pessoas! Muito obrigado, caro Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): O Ver. Carlos Comassetto - nobre e querido Vereador, valioso Vereador, pessoa ativa na cidade de Porto Alegre - está com a palavra para uma Comunicação de Líder. É uma honra tê-lo novamente na tribuna para trazer mais esclarecimentos a esta Cidade.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Obrigado, Ver. Elias Vidal, presidindo os trabalhos desta Sessão. Colegas Vereadores e Vereadoras, público que nos assiste, o que acontece no mundo tem reflexo direto em nossas vidas e também em nossa Cidade. Nós, que somos precursores e defendemos uma sociedade de paz e solidariedade, não podemos aceitar essa nova escalada genocida que está acontecendo no Oriente Médio. Milhares de cidadãos - idosos, trabalhadores, jovens e crianças - estão morrendo, ou melhor, sendo mortos, assassinados em nome de uma disputa ideológica, filosófica e religiosa, e nós não poderíamos deixar de citar, Sr. Presidente, e trazer este tema, quando nós recebemos a notícia de que, por exemplo, a brasileira Dibe Barakat é assassinada. Uma senhora brasileira de 62 anos é assassinada pelos mísseis vindos de Israel, caindo sobre o Líbano; e há alguns outros, em muito menor intensidade, que saem do Líbano para atingir Israel.

Esta guerra reflete em toda a nossa sociedade. O ex-Prefeito do Chui, Mohamed, está com o seu filho lá no Líbano, centenas de pessoas lá estão. Imaginem se nós, aqui em Porto Alegre, em nossas casas, ou aqui, na Câmara de Vereadores, e sem o menor aviso, sem a menor possibilidade de defesa, fôssemos vítimas de uma bomba, de um míssil que destruísse as nossas vidas, a nossa economia, a construção de uma cultura de paz! E aí as grandes potências do mundo, como os Estados Unidos, se calam!? O G-8, que estava reunido esta semana em São Petersburgo, na Rússia, elabora uma nota pífia, uma nota que não exige que essa escalada de violência cesse, e nesse caso não existe isenção de um lado ou de outro; o que tem que haver é a racionalidade do entendimento na construção da cultura da paz. E o nosso País tem-se posicionado mundialmente; nesse último período, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem-se firmado nessas questões políticas, junto com outros países do mundo - do Terceiro Mundo -, que vêm ascendendo, constituindo e conquistando liderança internacional, Ver. Bernardino, como é o caso da África do Sul, da Índia, do Brasil e da nossa vizinha Argentina, também. Nós temos que promover a cultura da paz de não produzir a guerra no mundo.

Até há bem poucos dias, nós debatíamos aqui nesta Casa, e havia várias correntes brasileiras que queriam que o Brasil fizesse uma intervenção política na Bolívia por causa do conflito do gás. O Presidente da República, por meio de suas relações internacionais, se posicionou com a mais alta tranqüilidade e sensatez. Nossos companheiros de Ibirapuitã vivem e convivem com a comunidade da fronteira, onde temos dezenas e dezenas de árabes que lá moram e que convivem em tranqüilidade com os judeus que moram também em nosso País. O que teria acontecido se o Brasil tivesse adotado uma medida enérgica de não reconhecer a soberania boliviana? Nós teríamos desenvolvido uma guerra local sem fundamento, irracional, injusta, porque o mais forte sempre destrói o mais fraco. Ver. João Dib, de origem árabe-libanesa, nós não podemos ficar calados num Legislativo Municipal, aceitando que esses genocídios aconteçam, mesmo sendo lá do outro lado do mundo, porque eles também estão matando brasileiros, gaúchos e porto-alegrenses.

Nesse sentido, o Partido dos Trabalhadores, Sr. Presidente, para concluir, vem trazer aqui a sua postura e a sua opinião de repúdio a mais essa escalada de guerra, o nosso papel e a nossa missão partidária é construir uma sociedade de paz, com justiça e tranqüilidade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elias Vidal): Obrigado, Ver. Comassetto. Neste momento, queremos registrar a presença do Sr. Gilberto Vladimir, atual Presidente do Projeto de Saúde, grande lutador contra a violência e as drogas. Sua presença honra muito esta Casa Legislativa.

Visivelmente, não há quórum. Encerramos os trabalhos da presente Reunião, convidando V. Exas para a Audiência Pública sobre o Pacto pelo Rio Grande, na segunda-feira, às 14 horas, e que Deus nos abençoe!

 

(Encerra-se a Reunião às 11h28min.)

 

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